Agricultura familiar e orgânica é fonte de renda para quase 30 famílias no interior de SP
Árvores frutíferas de Arlindo da Silva, morador de Iepê (SP) e produtor de agricultura familiar
Arlindo da Silva/Arquivo pessoal
Entre preparar o solo, semear, cultivar, colher e levar os produtos ao consumidor, a agricultura familiar se consolidou como fonte de renda para quase 30 famílias da zona rural de Iepê, no interior de São Paulo, município que faz divisa com o Paraná.
Um dos assuntos de debate na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, que ocorre em Belém (PA) até o dia 21 de novembro, é justamente a agricultura familiar.
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Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a partir do Censo Agropecuário de 2017, no Brasil, a agricultura familiar ocupa uma extensão de área de 80,9 milhões de hectares, representando 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros.
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O próximo Censo Agropecuário está previsto para a partir de 2026. Já o último Censo foi realizado em mais de 5 milhões de propriedades rurais de todo o Brasil e apontava que 77% dos estabelecimentos agrícolas do país foram classificados como de agricultura familiar, conforme a Embrapa.
Ainda segundo as estatísticas, a agricultura familiar empregava mais de 10 milhões de pessoas em setembro de 2017, o que corresponde a 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária, sendo responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa.
No interior de SP, Arlindo da Silva, de 56 anos, descreve como e quando começou a trabalhar na agricultura familiar, em um assentamento no município de Iepê. A cidade possui 7.739 habitantes, segundo a estimativa em 2025 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Estou aqui há 18 anos e a gente sempre trabalhou com agricultura orgânica, sem agrotóxico. A gente produz aqui, de acordo com a época, mandioca, abóbora, milho. Já teve produção de feijão, maxixe, abacaxi", conta o produtor.
Já o assentamento de reforma agrária, conforme o Ministério do Desenvolvimento Agrário, é um conjunto de unidades agrícolas, instaladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em um imóvel rural.
Cada uma dessas unidades, chamada de parcela ou lote, é destinada a uma família de agricultor ou trabalhador rural sem condições econômicas de adquirir um imóvel rural. A família beneficiada deve residir e explorar o lote, com o desenvolvimento de atividades produtivas diversas.
Produção orgânica
Mensalmente, são quase quatro toneladas produzidas no plantio do Arlindo apenas de mandioca. Já na cultura de abóbora, o total fica próximo de três toneladas, enquanto abacaxi tem uma safra por ano, com a colheita de 50 mil frutas.
"A gente não usa nenhum tipo de mecanizado, e agrotóxico a gente não passa! De vez em quando, a gente passa repelente, com fumo de pimenta, para matar alguns insetos. Tudo que a gente faz é vendido aqui na nossa região mesmo", continua Arlindo.
A propriedade de 2,8 hectares é cuidada pelo agricultor e pelos três filhos, que têm entre 28 e 33 anos. Em períodos de plantio e colheita, outras pessoas também auxiliam no trabalho. Para a adubação, a família utiliza exclusivamente métodos orgânicos.
"A matéria orgânica da própria terra. Quando tem mato, a gente carpe e ele fica sobre a terra, faz a cobertura de solo", pontua.
Outras 27 famílias vivem nas proximidades. Cada uma possui um terreno de cerca de três hectares e trabalha no cultivo da terra por meio da agricultura familiar.
Plantação de abacaxi do produtor e agricultor familiar Arlindo da Silva, morador de Iepê (SP)
Arlindo da Silva/Arquivo pessoal
Plantio de café
Outro exemplo é o de Márcia de Cássia Alves da Silva, de 45 anos, que mora a poucos metros da propriedade de Arlindo. A família dela começou a plantar em 2010, quando mantinha cerca de 260 pés de café.
Hoje, a produção caiu para 230 pés, reflexo das dificuldades de manutenção e dos impactos das mudanças climáticas. "A gente vende por encomenda. Na primeira colheita de café, deu 18 sacos de café ou latas de 20 litros cada. Depois, foi caindo, dava 4,5 sacos de café", afirma a produtora.
Segundo Márcia, o período de safra do café vai de junho a julho. A família e ela produzem os tipos arábica e catucaí de forma totalmente orgânica. "O café a gente limpa manualmente, torra no torrador e vende em pacotes de 500 gramas", conta.
"As vendas de café ajudam, mas não são a fonte principal. A gente vende um pouco de cada coisa. Quando tem acerola e manga, vendo a poupa também, tudo aos pouquinhos", continua.
Em Iepê (SP), o produtor e agricultor familiar Arlindo da Silva tem criação de gado
Arlindo da Silva/Arquivo pessoal
Apoio da família
Para que o plantio dê certo, ela conta com o apoio principal do esposo e a ajuda dos dois filhos menores, de 12 e 16 anos. "No tempo que começamos a trabalhar, tinha os meus dois filhos que moravam comigo e, hoje, são casados."
Na época, com bons frutos, a família cultivava pé de berinjela, mandioca e milho. Além disso, tinha os barracões separados, um para galinhas e outro para hortas. No local também havia dois tanques.
"Com o tempo, a gente vai mexer, é que a gente não tem condições agora de estar cuidando, manejando as coisas, tudo é muito difícil", afirma a produtora.
A família agora aguarda a colheita da acerola, que deve atingir o ponto ideal no início de dezembro. "No momento, os pés de acerola estão com bastante fruta, só que continua verde e os frutos estão pequenos, né? Mas é bem rápido, tem um pé que, quando chega a época, a gente tira de duas a três caixas", afirma.
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