Alepe aprova cotas raciais de 30% das vagas em seleções estaduais após governo suspender inscrições no concurso unificado
15/10/2025
(Foto: Reprodução) Sede da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no Centro do Recife
Rinaldo Marques/Alepe Divulgação
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou cotas raciais de 30% das vagas em concursos públicos estaduais e seleções simplificadas no estado. O Projeto de Lei nº 464/2023 segue para sanção do governo Raquel Lyra (PSD) na semana seguinte à suspensão da inscrição no Concurso Público Unificado (CPU) por causa da ausência de cotas raciais no edital (veja mais abaixo).
A votação realizada no plenário da Alepe nesta quarta-feira (15) teve apenas uma abstenção, do deputado Renato Antunes (PL). Ao todo, 36 deputados aprovaram a proposta que estabelece que, do total de vagas oferecidas em processos seletivos realizados pelo governo estadual, sejam destinadas:
25% para pretos e pardos;
3% para indígenas;
2% para quilombolas.
O PL 464/2023 unificou os Projetos de Lei Ordinária 464/2023, 593/2023 e 680/2023, de autoria de Dani Portela (Psol), João Paulo Costa (PCdoB) e Rosa Amorim (PT), respectivamente. Ou seja, essa aprovação foi de um projeto que já tramitava na Alepe, e não da proposta enviada pela governadora em 10 de outubro após suspender as inscrições no CPU.
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Vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB, Márcia Santos
A medida tem validade imediata após ser sancionada pelo governo Raquel Lyra, que tem 15 dias úteis para isso. Caso a sanção não ocorra nesse prazo, a proposta volta à Alepe e pode ser sancionada pelo presidente da casa legislativa, Álvaro Porto (PSDB). O g1 perguntou ao estado se há previsão para sanção, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Essa aprovação pela Alepe das cotas raciais é uma resposta às cobranças de movimentos sociais pela adoção das cotas raciais no CPU e no serviço público estadual. A ausência de cotas raciais no edital do Concurso Público Unificado foi criticada por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Pernambuco, a OAB-PE (veja vídeo mais acima).
As críticas apontaram que o edital do CPU sem a reserva de cotas raciais desrespeitava o Estatuto da Igualdade Racial, que foi sancionado em 2023 pela governadora Raquel Lyra, responsável pela gestão que lançou o concurso.
O artigo 39 do estatuto determina que é “dever do poder público promover ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive nas contratações do setor público”.
Inscrições suspensas no CPU
Essas críticas levaram o governo de Pernambuco a suspender as inscrições no Concurso Público Unificado no dia seguinte à publicação do edital, que prevê 460 vagas para cargos de níveis médio e superior, com salários de até R$ 11,3 mil.
Também no dia 10 de outubro, o governo estadual informou que encaminhou à Alepe um projeto de lei para instituis a reserva de 30% das vagas oferecidas em concursos e seleções simplificadas no estado para pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas, proposta que não chegou a ser apreciada pelos deputados estaduais porque já existiam propostas semelhantes em tramitação.
Segundo o governo, os candidatos que já se inscreveram estão com a participação nas provas garantida e não precisarão se inscrever novamente no CPU. Organizado pela Fundação Carlos Chagas (FCC), as provas, segundo o primeiro edital, serão aplicadas em dezembro em 10 cidades:
Afogados da Ingazeira, no Sertão;
Araripina, no Sertão;
Arcoverde, no Sertão
Carpina, na Zona da Mata;
Caruaru, no Agreste;
Floresta, no Sertão;
Palmares, na Zona da Mata;
Petrolina, no Sertão;
Recife, na Região Metropolitana;
Salgueiro, no Sertão.
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