Blocos de carnaval de Pinheiros podem ser transferidos para a Marginal Pinheiros; entenda

  • 17/11/2025
Carnaval de rua de SP e pista local da Marginal do Rio Pinheiros: proposta da PM enfrente resistência dos blocos. Montagem/g1/Reprodução/PMSP Os desfiles dos blocos de carnaval de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, podem ser transferidos das ruas do bairro para a Marginal do Pinheiros já em 2026 se a proposta da Polícia Militar for aceita pela prefeitura. A ideia consta de um documento oficial enviado pelo comandante do 23° Batalhão da Polícia Militar de Pinheiros para a gestão municipal. A ideia tem apoio de várias associações de bairros da região e do entorno, mas enfrenta enorme resistência dos blocos, que criticam fortemente a proposta. A SPTuris diz que isso não foi discutido na comissão organizadora. (Veja mais abaixo). No documento, o tenente-coronel Marcelo Vinicius Costa Rezende alega que a mudança é positiva em termos de segurança pública e facilita o trabalho da polícia. Veja os vídeos que estão em alta no g1 A proposta é reunir todos os blocos que desfilam na Avenida Brigadeiro Faria Lima e na Rua Henrique Schaumann apenas na pista local da Marginal do Pinheiros – entre a Rua Ofélia e a Avenida dos Semaneiros. Segundo ele, isso "traz benefícios inquestionáveis para a segurança pública, a responsabilidade fiscal, a mobilidade urbana e a convivência harmônica entre o evento e a cidade". “O modelo atual de desfiles simultâneos em múltiplos locais tem demonstrado sérias limitações operacionais. (...) A coordenação e gestão de diversos locais ao mesmo tempo resulta na fragmentação das operações; comprometendo a eficiência do trabalho e aumentando os custos operacionais”, disse o representante da PM no documento enviado à Comissão Especial de Organização do Carnaval de Rua de 2026. De acordo com o comandante, o modelo atual "exige o emprego de efetivo em dois turnos, (e) agrava ainda mais os custos, pois a operação simultânea em dois locais aumenta significativamente a carga de trabalho e impacta a qualidade e agilidade das ações”. A proposta, segundo o tenente-coronel, é que o circuito da Marginal do Pinheiros tenha 2,5 km de extensão, composto por um trajeto de desfile que abrange 1 km de caminhada dos blocos entre a Rua Sumidouro e a Praça Silveira Santos. Além da Faria Lima e da Henrique Schaumann, a PM quer que sejam proibidos os desfiles em toda a região do chamado "Baixo Pinheiros", que abrange as ruas Vupabussu, Ferreira de Araújo, Padre de Carvalho, Tucambira, Fernão Dias e Costa Carvalho, entre outras vias da área. Carta da PM enviada à Comissão Organizadora do Carnaval de SP para mudar o circuito de blocos de Pinheiros Reprodução Apoio de associações A proposta tem apoio dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) do Itaim Bibi e Pinheiros, além de associações de bairros ricos como Ame Jardins, Associação Colmeia Vila Olímpia, Sociedade Amigos de Vila Madalena e a Associação de Amigos do Jardim das Bandeiras. O Conseg de Pinheiros quer, inclusive, que os desfiles na Rua dos Pinheiros também sejam proibidos já a partir de 2026. No local, desfilam blocos como Confraria do Pasmado, Ritaleena e Bastardos. “[Os desfiles] nesses locais causam inúmeros transtornos aos moradores e comerciantes, (que são impactados de forma extremamente negativa), já relatados anteriormente a todas as autoridades envolvidas no evento", disse em carta a representante da Associação de Moradores da Rua Ministro Costa e Silva e Adjacências, Vanêssa Rochha Rêgo E continuou: "Concordamos e apoiamos, certos de que esta importante mudança acabará com o bloqueio de vias essenciais que sufocam a circulação interna dos bairros densamente povoados, além de evitar a desordem por um perímetro amplo". As associações e Consegs anexaram cartas de apoio ao projeto da PM, que formam encaminhados à Comissão Organizadora do Carnaval de Rua pelo vereador Sargento Nantes (PP), ex-integrante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). O que diz a Prefeitura de SP Associações de bairro assinam documento apoiando a mudança dos blocos de Pinheiros para a Marginal. Reprodução O g1 procurou a Prefeitura de São Paulo para comentar a proposta da PM e das associações de bairro, mas ainda não recebeu retorno. A SPTuris, que voltou a organizar o carnaval de rua da cidade ano passado, também foi procurada, mas não respondeu até a última atualização desta reportagem. Após o questionamento do g1, o presidente da SPTuris, Gustavo Pires, publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que a proposta da PM é um "boato" e que o assunto não foi discutido entre os organizadores do carnaval de rua da cidade. “A comissão do carnaval de rua de SP em hipótese alguma discutiu a viabilidade de mexer em um dos trajetos para as marginais. Tá saindo um boato que estaria indo para a Marginal Pinheiros alguns trechos, mas isso é falso. Não há hipótese alguma de alteração ou adicionar algum novo trajeto. Tudo que deu certo vai continuar pra 2026", declarou Pires. O documento que ele chama de "falso e boato" foi baixado do sistema SEI interno da Prefeitura de SP e é assinado pelo próprio tenente-coronel da PM. O pedido tem em anexo as várias cartas das associações de bairro que apoiam a proposta. SPTuris diz que proposta de mudar carnaval de rua pra Marginal Pinheiros é ‘boato’ Reação negativa dos blocos Foliões participam do cortejo do bloco Ritaleena, na Rua dos Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. Divulgação/Eduardo Anizelli/BlocoRitaleena A proposta da PM causou forte reação dos blocos que desfilam nesses espaços que a Polícia Militar quer proibir. Eles dizem que se trata de "mais uma tentativa da PM de cercear o carnaval de rua" e criar um circuito fechado semelhante ao sambódromo do Anhembi, chamado por eles de "blocódromo". "Não é de hoje que a PM quer mandar no carnaval de Rua de SP. Por determinação deles, a Prefeitura de SP já reduziu o horário máximo de desfiles para as 18h, gerando uma enorme frustração dos foliões e turistas que vêm para curtir o carnaval de rua de SP. É o único carnaval do Brasil que acaba esse horário", disse José Cury, coordenador do bloco ‘Me lembra que eu vou’, que desfila na Henrique Schaumann. Segundo ele, "todo ano eles tentam controlar o espírito livre dessa manifestação cultural que gera mais de R$ 3 bilhões para a cidade, mas que quem faz não é ouvido e não tem voz”. Até 2019, o "Me lembra que eu vou" desfilava no Largo da Batata. Mas, por determinação da própria PM, se mudou para a Henrique Schaumann, em circuito gradeado, sob alegação da corporação de que não havia agentes suficientes para garantir a segurança dos foliões na área, que sempre foi marcada por vários assaltos nessa época do ano. “A PM não entende o espírito do carnaval de rua e, junto com os Consegs e outras associações, que não são compostas de pessoas que curtem ou participam do carnaval, querem fazer mudanças sem ouvir quem faz o carnaval de fato", declarou Cury. Para ele, "é uma loucura você colocar um monte de foliões na Marginal do Pinheiros, com carros ao lado passando a mais de 90 km por hora, protegidos só por uma grade. Isso peca contra a segurança dos próprios foliões e já foi rejeitado no passado até por outros membros da própria PM". Integrantes do bloco Ritaleena se apresentam em São Paulo. Grupo desfila na rua dos Pinheiros, na Zona Oeste, dia 15 de fevereiro. Divulgação/Ritaleena/Julia Chequer A cantora e produtora Alessa, uma das coordenadoras do bloco RitaLeena, que desfilou por anos nas ruas de Pinheiros e agora está em Perdizes, chamou a ideia de PM de "péssima" e "autoritária". "Acho que São Paulo está sempre com esse fantasma do ‘blocódromo’. E essa é a mais nova tentativa, uma releitura de criar o 'blocódromo’, que está sempre pairando no carnaval de rua de São Paulo. É uma péssima sugestão. A gente já tem muita restrição no Carnaval de São Paulo, tanto por conta de horário, trajetos, etc. Isso é super autoritário”, afirmou. A líder do Ritaleena culpa a gestão Ricardo Nunes por ter escanteado a Secretaria de Cultura na organização do carnaval de rua da cidade, passando para a gestão para a SPTuris. “O que a gente vê são tentativas consecutivas de cerceamento, de restrição do carnaval, que é livre e democrático. As autoridades precisam respeitar as raízes culturais [do Carnaval de Rua]", afirmou. Na visão dela, "falta uma Secretaria Municipal de Cultura para mediar esses pontos dentro da organização, principalmente dentro da comissão intersecretarial que é a comissão que organiza o carnaval ela é muito sentida nesse momento. Lamento e acho muito ruim acho isso tudo que está acontecendo". Ladeira da Pompéia lotada durante a passagem do bloco Acadêmicos do Cerca Frango no carnaval em São Paulo Ana Carolina Moreno/G1 Thais Haliski, do "Acadêmicos do Cerca Frango" e da Comissão Feminina do Carnaval de São Paulo, aposta no barulho dos próprios blocos de carnaval de rua para fazer a PM recuar da proposta, que ela chama de "inviável". "Esse tipo de movimento contra o carnaval acontece todos os anos. É muito difícil dialogar com um grupo pequeno que não entende a diversidade da cidade e da festa em si. Dito isso, acredito que esse pedido será ignorado solenemente pelo prefeito e pela gestão do carnaval por um motivo claro: é inviável", afirmou. O que chama a atenção é alguém que trabalha com segurança pública assinar um documento onde coloca os foliões em uma via expressa com carros e caminhões passando em alta velocidade a poucos metros. É lamentável, mas estamos tranquilos. O carnaval será mais uma vez inesquecível.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/carnaval/2026/noticia/2025/11/17/blocos-de-carnaval-de-pinheiros-podem-ser-transferidos-para-a-marginal-pinheiros-entenda.ghtml


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