Brasileiro relata clima de alerta após tremores e possibilidade de ‘megaterremoto’ no Japão
14/12/2025
(Foto: Reprodução) Prudentino Wagner Junior Melo, de 35 anos, vive em Kani-shi, na província de Gifu, no centro do Japão
Arquivo pessoal
O terremoto de magnitude 7,6 que atingiu o nordeste do Japão no início da semana, deixando pelo menos 30 pessoas feridas e o subsequente alerta para a possibilidade de um “megaterremoto” mudaram o clima em várias regiões. Entre quinta e sexta-feira (12), um novo tremor, de magnitude 6,9, foi sentido em todo o norte do país asiático.
Do outro lado do mundo, o prudentino Wagner Junior Melo, de 35 anos, acompanha essa rotina de perto. Há seis anos vivendo em Kani-shi, na província de Gifu, no centro do Japão e a cerca de 11 horas do epicentro do último tremor, ele conta que a mobilização é evidente, mas ainda assim tranquila.
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“O país está em alerta. Muita gente se preparou fazendo estoque de alimentos e água”, relata em entrevista ao g1. “O governo também reforça a orientação de manter um kit de emergência pronto e ter comida reserva em casa”.
Wagner se mudou para o Japão em busca de segurança e melhores oportunidades. Na rotina japonesa com esposa e filha, ele passou a conviver com fenômenos naturais frequentes. “Terremotos pequenos fazem parte da rotina no Japão, é muito comum, assim como os tufões no verão”, diz.
Mesmo morando em uma área considerada segura, ele já sentiu abalos mais fortes, como o de Ishikawa, entre o fim de 2023 e início de 2024. “Naquele dia, sentimos aqui um abalo entre 3 e 4 pontos na escala, algo bem forte e longo”, lembra.
Alto-falantes alertam os moradores quando tem algo acontecendo
Arquivo pessoal
Com o tremor desta semana e o raro alerta de um possível megaterremoto, a tensão aumentou, mas sem provocar o comportamento de pânico que seria comum em outros países. “As pessoas estão atentas, mas sem pânico. Aqui o comportamento costuma ser bem calmo”, explica.
Na região onde mora, a rotina segue praticamente normal. Ele recebeu o alerta pelo celular, como acontece em emergências — o sistema japonês envia notificações segundos antes de um tremor. “Aqui está tudo tranquilo. Nas áreas mais afetadas, é comum faltar água, arroz e papel higiênico nas primeiras horas após o terremoto”, afirma. O transporte público também costuma parar temporariamente para inspeções de segurança.
Entre os produtos de emergência estão comida, kit de primeiros socorros e iluminação
Arquivo pessoal/Wagner Junior Melo
A preparação para fugir rapidamente faz parte do dia a dia de quem vive no Japão, e Wagner mantém desde agosto uma mochila de emergência pronta.
“Se precisar fugir, [o kit de emergência] está no jeito”. Dentro dela, há comida, roupas, kit de primeiros socorros, lanternas e ferramentas básicas. “É por segurança mesmo — nunca se sabe quando pode acontecer”, completa.
Segundo Wagner, a calma dos japoneses diante de riscos naturais é resultado de uma cultura de preparação que começa cedo. “Aqui isso é ensinado desde a infância. As crianças aprendem a manter a calma e a se proteger embaixo das mesas ou estruturas firmes”, explica.
Além disso, bairros e empresas fazem treinamentos regulares, simulam evacuações e mantêm voluntários prontos para ajudar crianças e idosos. Em cada distrito há abrigos de concreto preparados para terremotos e tufões, e nas cidades costeiras as rotas de fuga e pontos elevados são sinalizados de forma clara.
Placas com orientações sobre como agir em fenômenos naturais no Japão
Arquivo pessoal
O brasileiro também destaca medidas que se diferenciam do Brasil, como o seguro obrigatório contra terremotos e incêndios tanto para casas próprias quanto para aluguel. Os carros exibem avisos no painel quando há risco sísmico, e os canais de TV interrompem imediatamente a programação diante de qualquer alerta.
Mesmo com o risco real de novos tremores, Wagner diz que o cotidiano segue sem medo. “Já virou algo normal. A gente não vive assustado. Você segue a vida normalmente e só lembra do risco quando realmente acontece algo”, afirma.
Para ele, a alta capacidade de resposta do país e a organização social fazem toda a diferença. “No geral, o Japão é muito bem preparado e oferece bastante segurança.”
Mochila da família com kits de emergência está pronta há meses para qualquer eventualidade
Arquivo pessoal/Wagner Junior Melo
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