Caso Moisés Alencastro: polícia diz que autor do crime era conhecido da vítima
23/12/2025
(Foto: Reprodução) Carro de Moisés Alencastro foi encontrado na Estrada do Quixadá, em Rio Branco
As investigações preliminares em torno da morte do ativista cultural e servidor do Ministério Público do Acre (MP-AC) apontam que Moisés Alencastro, de 59 anos, pode ter sido vítima de um assassinato e não de um latrocínio, roubo seguido de morte, hipótese esta cogitada inicialmente pela Polícia Civil.
O corpo da vítima foi encontrado dentro do apartamento onde morava no bairro Morada do Sol, na capital acreana, na noite da última segunda-feira (22), com perfurações de faca. O carro dele, por sua vez, foi visto abandonado na tarde do mesmo dia na Estrada do Quixadá. (Veja vídeo acima)
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
Na manhã desta terça-feira (23), a perícia retornou ao local para fazer um levantamento mais minucioso à luz do dia. O veículo estava com os pneus furados e o porta-malas aberto com alguns objetos pessoais da vítima.
“O que aparece até o momento é a ocorrência de um homicídio. Quando há intenção de roubar, o autor entra, rouba ou mata para se livrar da situação. Neste caso, o que se observa, preliminarmente, é que houve o homicídio e, posteriormente, foram levados alguns pertences”, explicou o coordenador da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Alcino Júnior ao g1.
Ainda segundo Alcino, entre os objetos roubados estão o carro e o telefone celular da vítima, além de outros itens ainda em levantamento. No entanto, ele ressaltou que o roubo não foi o motivador principal do crime.
“Latrocínio é quando se mata para roubar. Aqui, a dinâmica indica que a morte ocorreu primeiro e, depois, houve o aproveitamento da situação para levar os bens”, pontuou.
LEIA MAIS:
Quem era Moisés Alencastro, ativista cultural encontrado morto a golpes de faca no Acre
Ativista cultural e servidor do MP é encontrado morto em apartamento no Acre
O delegado também informou que não há indícios de arrombamento no apartamento onde o corpo foi encontrado, o que reforça a linha de investigação de que a vítima conhecia o autor do crime.
“Não houve arrombamento. A entrada foi normal. Tudo indica que quem estava no imóvel tinha acesso consensual, ou seja, é alguém conhecido da vítima”, concluiu.
Carro de Moisés Alencastro foi encontrado na Estrada do Quixadá, em Rio Branco, e passa por perícia
Júnior Andrade/Rede Amazônica
Perícia
De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC), Sandro Martins, o trabalho pericial precisou ser complementado com o retorno das equipes ao local do crime e ao veículo encontrado.
Sandro destacou ainda que foram coletados vestígios biológicos e materiais, que passarão por análise técnica, incluindo exames genéticos e papiloscópicos, a fim de auxiliar na reconstituição da dinâmica do crime e na identificação de uma possível autoria.
“Na noite de ontem [22], a perícia esteve no local para o levantamento inicial, mas, por se tratar de um trabalho que exige melhor visibilidade, a equipe retornou hoje pela manhã para um exame mais minucioso. Agora, os peritos também fazem a análise do veículo para identificar vestígios que possam contribuir para a elucidação do caso”, explicou.
O caso
Moisés foi visto pela última vez no domingo (21). Após perderem contato com ele, amigos e colegas passaram a tentar localizá-lo.
O sinal do serviço de nuvem do celular, compartilhado com uma amiga, indicou localização no bairro Eldorado, o que levantou suspeitas. Diante da ausência de resposta, o MP-AC autorizou o arrombamento da porta do apartamento.
O corpo foi encontrado deitado sobre a cama na noite de segunda-feira (22). O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) confirmou o óbito. A área foi isolada pela Polícia Militar, e o corpo recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML). O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Moisés Alencastro foi encontrado morto nesta segunda-feira (22) no apartamento onde morava
Arquivo pessoal
A morte de Moisés gerou comoção. Amigos, colegas de trabalho e representantes da cultura local prestaram homenagens nas redes sociais, destacaram a atuação dele no serviço público e a contribuição para a vida cultural do estado.
O governador do Acre, Gladson Camelí, lamentou a morte e afirmou que Moisés "era uma pessoa muito querida na sociedade acreana, conhecido por sua alegria e espontaneidade e parte deixando um legado na cultura do estado e no colunismo social, bem como no serviço público".
VÍDEOS: g1