Ex-diretor da PRF Silvinei Vasques é preso no Paraguai após tentar fugir com passaporte de outra pessoa
26/12/2025
(Foto: Reprodução) Silvinei Vasques é preso no Paraguai quando tentava fugir com passaporte de outra pessoa
A polícia do Paraguai prendeu o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, um dos condenados por golpe de Estado. Ele tinha rompido a tornozeleira eletrônica, atravessado a fronteira e tentava embarcar para El Salvador.
Foi uma fuga planejada. Silvinei Vasques mudou o penteado e usava um passaporte de um cidadão paraguaio. Mas a polícia no aeroporto de Assunção, no Paraguai, logo percebeu que aquele passageiro não era o Júlio Eduardo — o verdadeiro dono do documento.
Era o fim de uma operação que começou na véspera de Natal. A Polícia Federal revelou os detalhes em um relatório ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Segundo a PF, as imagens das câmeras de segurança do condomínio em São José, na Grande Florianópolis, mostraram Silvinei Vasques usando um carro possivelmente alugado. Ele ficou no prédio até as 19h22 do dia 24. Antes de deixar o local, Silvinei colocou bolsas no porta-malas do carro. Depois, mais coisas no banco de trás, inclusive ração e muitos sacos de tapete higiênico para cães. Por fim, conduziu um cachorro aparentando ser da raça pitbull e saiu.
Na fuga, de acordo com o relatório, Silvinei Vasques violou a tornozeleira eletrônica, que usava desde agosto de 2024.
A polícia informou que já na madrugada do dia 25, por volta de 3h, o equipamento ficou sem sinal de GPS, que mostra a localização da pessoa, e, por volta de 13h do mesmo dia, sem sinal de GPRS, possivelmente devido ao término da bateria.
Agentes da PF foram até o prédio de Silvinei na noite do dia 25. Assim que a falha na tornozeleira eletrônica foi identificada, alertas foram disparados às fronteiras do Brasil.
Segundo a Polícia Federal, a rota de fuga do ex-diretor da PRF começou em São José. De lá, Silvinei seguiu até Assunção. O plano era viajar do Paraguai para El Salvador, com escala no Panamá.
Quando os policiais paraguaios perceberam que o passaporte usado por Silvinei não era dele, checaram as impressões digitais, que também não bateram. Foi preso na hora por uso de documentação falsa.
O ex-diretor da PRF também tentou enganar as autoridades com uma declaração, que dizia que não falava nem escutava devido a uma condição médica grave, por conta de um câncer no cérebro. Na declaração, ele dizia que não podia se comunicar verbalmente nem compreender instruções orais. No documento, ainda alegava que a ida a El Salvador era exclusivamente para tratamento médico e que não tinha data definida para voltar, por isso a passagem só de ida.
Silvinei usava um curativo no pescoço. Eu uma foto feita por autoridades paraguaias, não aparece nenhum ferimento. Uma pinta no pescoço ajudou a polícia paraguaia a comprovar a identidade do ex-diretor da PRF. Sem saída, Silvinei acabou confessando o plano.
O diretor de migração do Paraguai, Jorge Kronawetter, explicou que os agentes logo constataram que a pessoa que estava na imigração não era a mesma do passaporte.
"Num primeiro momento, ele negava, dizia que realmente era a pessoa do passaporte, a pessoa que estava identificada no passaporte. Depois, tentou apresentar um documento que dizia que estava com uma enfermidade grave", relatou o diretor de imigração", relatou o diretor.
Há dez dias, a Primeira Turma do STF condenou o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal a 24 anos de prisão por participação na trama golpista. Os ministros concluíram que Silvinei Vasques mandou montar barreiras da PRF no Nordeste, no segundo turno, para atrapalhar a movimentação de eleitores onde Lula havia sido bem votado.
Silvinei Vasques tentou fugir do Brasil antes mesmo de esgotar os recursos que ainda poderia apresentar ao STF. Assim que soube que o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal havia tentado a fuga para evitar o cumprimento da pena por golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva dele.
Na noite desta sexta-feira (26), a polícia paraguaia levou Silvinei Vasques até um posto de controle imigratório no lado paraguaio da Ponte da Amizade. Silvinei estava algemado e com um capuz na cabeça - um procedimento utilizado pela polícia paraguaia em casos de expulsão do país. Neste poste de controle, Silvinei será entregue a agentes da Polícia Federal brasileira.
O advogado de Silvinei Vasques declarou que ainda não tem detalhes da prisão.
Ex-diretor da PRF Silvinei Vasques é preso no Paraguai após tentar fugir com passaporte de outra pessoa
Reprodução/TV Globo