Ex-militar começa a observar aves aos 72 anos e hoje soma mais de 500 espécies registradas
Alberto Nyari e Maria Eugênia Miranda durante passarinhada em Amparo (SP)
João Ferreira
Alberto Nyari descobriu a observação de aves aos 72 anos. Se para muitos esse seria um momento da vida para reduzir o ritmo, com ele foi exatamente o contrário: um universo inteiro se abriu e as saídas para passarinhar transformaram a sua vida. Hoje, com 82 anos, ele segue com esse hobby e com a mesma motivação de quando começou.
A entrada nesse mundo teve influência direta do filho, César Eduardo, médico veterinário, que sempre compartilhava com o pai relatos das próprias aventuras na natureza. As histórias despertaram em Alberto o desejo de também viver essas experiências.
Encontro (Icterus Pyrrhopterus) registrado no comedouro da casa de Alberto
Alberto Nyari
Atualmente, morador de Limeira (SP) Nyari, que serviu durante muitos anos ao Exército, passou a se dedicar totalmente à fotografia de aves, incorporando essa atividade ao seu cotidiano. Nas saídas de observação, o Alberto é acompanhado pelo filho César e pela amiga Maria Eugênia Miranda, que o auxiliam na sua locomoção que é comprometida devido à artrose. Por isso, a preferência dele sempre foi por registros mais perto de casa, dentro do estado de São Paulo. Ele completa que, mesmo com tais limitações, o hobby é o que o incentiva: “É isso que me impulsiona no dia a dia. Eu me sinto mais vivo, me dá satisfação e até motivação por estar participando de alguma coisa”. O sonho de seu Alberto é fazer captações na Amazônia e no Pantanal, na Transpantaneira.
Casal de canário-da- terra (Sicalis Flaveola) no quintal de Alberto Nyari em Limeira (SP)
Alberto Nyari
Além disso, para seu jardim, Alberto comprou três comedouros e busca colocar frutas para atrair esses animais para mais perto. “É uma maneira de passar o tempo e ver o comportamento. Nas passarinhadas, a gente acompanha os hábitos de cada ave, cada uma tem um jeito de agir. Por exemplo, quando ela pousa e o que ela faz depois de alguns segundos, se ela vai fazer alguma coisa característica dela. Isso que é interessante, o estudo de identificação”, relata Nyari.
No interior paulista, ele também já fez registros em Rio Claro, Araras, Corumbataí, Ipeúna e Analândia, e em regiões como o Parque Estadual do Morro do Diabo, o Pontal do Paranapanema, o Parque Estadual Carlos Botelho e a Trilha dos Tucanos, acumulando 528 espécies fotografadas. Um de seus registros mais recentes e marcantes, por ser uma espécie difícil de ser avistada, foi o sanhaço-de-fogo (Piranga Flava), em Pedreira (SP).
Sanhaço-de-fogo (Piranga Flava) flagrado em Pedreira (SP)
Alberto Nyari
A história de Alberto nos lembra que nunca é tarde para descobrir um novo encantamento e que a natureza pode ser uma grande aliada no cuidado com a saúde do corpo e da mente.
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