Google e Senai lançam IA que analisa currículo, mentoria carreira e indica vagas de emprego
15/12/2025
(Foto: Reprodução) Veja os vídeos que estão em alta no g1
Uma nova plataforma gratuita de inteligência artificial voltada à orientação profissional e à empregabilidade foi lançada nesta segunda-feira (15) pelo Google Cloud e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Desenvolvida com tecnologia do Google Cloud, a ferramenta orienta a carreira de profissionais brasileiros, alinhadas às demandas atuais do mercado de trabalho.
O serviço, chamado Carreira e Empregabilidade, analisa informações fornecidas pelo próprio usuário — como currículo, histórico de experiências profissionais ou até uma descrição verbal das atividades já desempenhadas — para identificar pontos fortes, lacunas de qualificação e possíveis caminhos de carreira.
A plataforma integra o ecossistema de inteligência artificial do Senai, batizado de Nai, e pode ser acessada pelo site https://nai.senai.br/.
Segundo o diretor-geral do Senai, Gustavo Leal, a tecnologia utiliza grandes volumes de dados e algoritmos avançados para cruzar competências individuais com as necessidades do mercado.
“Com base nesses dados, a IA avalia competências e habilidades dos usuários e recomenda capacitações que aproximam as pessoas de seus objetivos profissionais e das oportunidades de trabalho”, afirma.
A iniciativa faz parte de um convênio firmado em 2023 entre o Senai e o Google Cloud, com vigência de cinco anos.
O acordo prevê ações de transformação digital na educação básica, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), na educação profissional e no ensino superior, além de iniciativas de inovação e tecnologia voltadas à indústria.
Plataforma do Google Cloud e Senai analisa informações fornecidas pelo próprio usuário para orientar carreiras e indicar vagas
Senai/ Divulgação
Como funciona?
O funcionamento da plataforma começa com o envio do currículo e o preenchimento de informações básicas sobre o histórico profissional e acadêmico.
Em seguida, o usuário responde a questionários de múltipla escolha sobre aspirações, objetivos profissionais, competências técnicas e habilidades comportamentais relacionadas ao ambiente de trabalho.
A partir desse diagnóstico, o serviço de Carreira e Empregabilidade indica cursos que aproximam estudantes e trabalhadores dos perfis mais demandados pela indústria.
A plataforma correlaciona as competências mapeadas com as demandas atuais do mercado, sinalizando áreas em expansão e possíveis trajetórias profissionais compatíveis com o perfil do usuário.
A ferramenta também direciona o usuário para carreiras com maior probabilidade de sucesso e aponta oportunidades de vagas disponíveis no mercado, incluindo anúncios publicados no Google Jobs.
Além disso, calcula a chamada “brecha de competências e habilidades” entre o perfil atual e as aspirações profissionais, utilizando essas informações para recomendar conteúdos personalizados de aprendizagem.
Ao final do processo, a plataforma gera um resumo executivo que fica salvo no perfil do usuário, reunindo as habilidades identificadas, pontos de melhoria e avanços observados.
O painel principal permite acompanhar a evolução das competências ao longo do tempo e oferece recomendações personalizadas de formação profissional e oportunidades de emprego.
Entre as funcionalidades previstas para os próximos meses estão orientação para elaboração de currículos, sugestões de trilhas de aprendizagem personalizadas com base na biblioteca de cursos do Senai e apoio estruturado no formato de mentoria online.
Abaixo, confira o passo a passo:
Plataforma começa com o envio do currículo e o preenchimento de informações básicas sobre o histórico profissional e acadêmico
Senai/ Divulgação
Para o diretor de vendas do Google Cloud para o setor público na América Latina, Milton Burgese, a iniciativa mostra o potencial da inteligência artificial como ferramenta de impacto social.
"A IA capacita as organizações a serem mais responsivas em relação às comunidades, fornecendo dados cruciais, identificando padrões invisíveis aos humanos e simulando cenários complexos", afirma.
Google e SENAI
Divulgação
O que dizem especialistas?
Apesar das facilidades oferecidas pela ferramenta, especialistas alertam que a inteligência artificial ainda tem limitações importantes.
Para a professora Luciana Morilas, especialista em trabalho da FEA-USP, o uso da inteligência artificial na orientação profissional é uma tendência irreversível e deve se expandir para todas as etapas da vida laboral, da busca por vagas às contratações.
Ela pondera, no entanto, que a tecnologia reproduz vieses humanos e pode acabar reforçando decisões automáticas e engessadas, especialmente quando passa a se basear em conteúdos gerados pela própria IA.
Por outro lado, Morilas avalia que, quando usada de forma consciente e supervisionada, a ferramenta pode potencializar resultados e favorecer profissionais mais preparados para utilizá-la estrategicamente.
“A inteligência artificial mimetiza o que os seres humanos fazem, mas, sem controle, ela começa a tomar decisões em cima de decisões que ela mesma já tomou, o que pode enviesar ainda mais os processos”, afirma.
Já a consultora Taís Targa, especialista em carreiras, destaca que a IA pode ajudar na análise de perfil profissional e na criação de currículos, mas de forma mais superficial.
Segundo ela, decisões sobre rumos profissionais envolvem fatores mais profundos e subjetivos, como motivação pessoal, momento de vida e autoconhecimento, que uma máquina não consegue captar.
"O olhar humano consegue extrair melhor as experiências do profissional e ajudá-lo a enfatizar pontos importantes em seu currículo", afirma Targa, lembrando que entrevistas e mentorias presenciais permitem observar sinais que a IA não identifica, como expressões, entonação e reações emocionais.
Ela reforça que, embora a inteligência artificial ofereça atalhos e facilite tarefas, o ser humano continua protagonista no processo de orientação de carreira, garantindo uma análise mais completa e empática.
Para Targa, ferramentas digitais funcionam como apoio, mas não substituem o acompanhamento de um consultor ou mentor experiente.
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