'Índios são burros': estudante de Direito denuncia injúria racial durante aula na UEMS
01/12/2025
(Foto: Reprodução) 'Índios são burros': estudante de Direito denuncia injúria racial durante aula na UEMS
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) apura uma denúncia de injúria racial feita por uma estudante indígena do curso de Direito em Campo Grande. A aluna, da etnia Terena, afirma ter sido alvo de ofensas racistas dentro da sala de aula e registrou boletim de ocorrência contra dois colegas no dia 26 de novembro de 2024. Veja o vídeo acima.
A estudante, que cursa o quarto semestre e prefere não se identificar por medo de retaliações, diz que enfrenta discriminação desde que ingressou na universidade pelas cotas raciais. Segundo ela, os ataques ocorrem de forma recorrente.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp
Em um episódio de abril de 2024, ela relata ter sido recebida com risadas e comentários desrespeitosos ao entrar na sala usando um brinco tradicional de sua etnia. Ela conta que colegas reagiram com risadas, comentários desrespeitosos e até gestos que, segundo a denúncia, considerados ofensivos à cultura indígena. A estudante afirma ainda que outros quatro colegas indígenas abandonaram o curso por falta de acolhimento.
O episódio mais grave, segundo a estudante, ocorreu em 26 de novembro, quando um dos colegas teria dito a frase: “índios são burros”. A situação, de acordo com a denúncia, foi presenciada por outros alunos, que a incentivaram a buscar a polícia.
Após registrar o boletim de ocorrência, a estudante denunciou o caso à UEMS, que instaurou uma comissão processante em 5 de junho de 2025 para investigar os dois alunos acusados. A comissão já ouviu a denunciante e outras pessoas citadas no caso.
Em agosto, ela pediu acesso aos áudios e atas dos depoimentos, mas afirma que a solicitação foi negada. Sem resposta da universidade, a estudante enviou uma notificação extrajudicial pedindo os documentos e diz que avalia entrar na Justiça.
O caso também chegou à Câmara Municipal de Campo Grande, onde vereadores pediram esclarecimentos à UEMS. O vereador Jean Ferreira (Partido dos Trabalhadores) criticou a situação:
"Isso é inaceitável. A Uems, como instituição pública, tem o dever de garantir o ambiente acadêmico seguro, respeitoso e livre de discriminação, especialmente com os próprios indígenas. Essa casa não tolera racismo e Aline não está sozinha..."
A estudante afirma que se sente coagida por colegas e professores e espera concluir o curso em paz para seguir seus planos profissionais, entre eles tornar-se delegada e prestar concurso público.
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
Reprodução
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: