O Google está prestes a destruir a internet?

  • 21/06/2025
(Foto: Reprodução)
Google diz que uma nova ferramenta de IA em seu buscador vai revitalizar a internet. Outros preveem um apocalipse para os sites. Uma coisa é certa: o atual capítulo da história online caminha para o fim. Google diz que uma nova ferramenta de IA em seu buscador vai revitalizar a internet, enquanto outros preveem um apocalipse para os sites. Serenity Strull/BBC/Getty Images A internet foi construída com base em um acordo simples: sites permitem que mecanismos de busca como o Google absorvam seu conteúdo gratuitamente, e, em troca, o Google direciona visitantes para esses sites, onde eles compram produtos e veem anúncios. É assim que a maioria dos sites ganha dinheiro. Estima-se que 68% das atividades online comecem em mecanismos de busca — e cerca de 90% das buscas acontecem no Google. Se a internet é um jardim, o Google é o Sol que faz as flores crescerem. Esse arranjo vigorou por décadas, mas uma mudança aparentemente pequena tem levado muitos a acreditar que o sistema está ruindo. Em breve, uma nova ferramenta de inteligência artificial será integrada à busca do Google. Você pode achá-la muito útil. Mas, se as previsões dos críticos se confirmarem, as consequências para a internet serão sísmicas. Eles traçam um cenário em que informações de qualidade se tornam mais escassas online, e grandes contingentes de profissionais perdem seus empregos. Os otimistas, por sua vez, acreditam que isso pode melhorar o modelo de negócios da web e ampliar as oportunidades para encontrar conteúdo de qualidade. Mas, para o bem ou para o mal, sua experiência digital talvez nunca mais seja a mesma. Em 20 de maio de 2025, o CEO do Google, Sundar Pichai, subiu ao palco na conferência anual de desenvolvedores da empresa. Já se passou um ano desde o lançamento dos "AI Overviews", os resumos gerados por IA que provavelmente você já viu no topo dos resultados de busca. Agora, disse Pichai, o Google quer ir além. "Para quem busca uma experiência de busca totalmente conduzida por IA, estamos lançando o novo Modo IA", afirmou. "É uma reinvenção completa da busca." Você pode estar cético após tantos anos de promessas exageradas sobre IA, mas, desta vez, é para valer. As pessoas usam o Google 5 trilhões de vezes por ano — ele molda a internet. E o Modo IA representa uma ruptura radical. Diferentemente dos AI Overviews, ele substitui completamente os resultados tradicionais da busca. Em vez disso, um chatbot gera uma espécie de miniartigo para responder à sua pergunta. Enquanto você lê este texto, o Modo IA está sendo implementado nos EUA, aparecendo como um botão na busca e no app do Google. Por enquanto, ele é opcional, mas a chefe de busca da empresa, Liz Reid, foi clara ao lançar a ferramenta: "Este é o futuro do buscador da Google." Eis o problema previsto pelos críticos: os AI Overviews já diminuem drasticamente o tráfego enviado para o restante da internet, e muitos temem que o Modo IA amplifique essa tendência. Se isso acontecer, pode destruir o modelo econômico que sustentou o conteúdo digital ao longo dos últimos 30 anos. Especialistas acreditam que o novo Modo IA do Google pode virar a internet de cabeça para baixo. Serenity Strull/BBC/Getty Images "Se o Google tornar o Modo IA o padrão, do jeito que ele funciona atualmente, o impacto na internet será devastador", afirma Lily Ray, vice-presidente de estratégia e pesquisa em SEO na agência de marketing Amsive. "Isso vai cortar a principal fonte de receita da maioria dos editores e desestimular criadores de conteúdo que dependem do tráfego orgânico, o que representa milhões de sites — talvez mais. O Google tem todo o poder." A Google diz que essas preocupações são exageradas. Na verdade, a empresa acredita que o Modo IA tornará a internet mais saudável e útil. "Todos os dias, enviamos bilhões de cliques para sites, e conectar as pessoas à web continua sendo uma prioridade", disse um porta-voz da Google. "Experiências como os AI Overviews e o Modo IA aprimoram a busca e ampliam os tipos de perguntas que as pessoas podem fazer, criando novas oportunidades para que conteúdos sejam descobertos." Mas Google e críticos concordam em uma coisa: a internet está prestes a mudar radicalmente. O próximo ano deve marcar o fim de uma era online. A única dúvida é como será o mundo quando a poeira baixar. Como usar o ChatGPT para gerar imagens digitais a partir de esboços feitos à mão O lamento dos editores É importante esclarecer: a internet não vai desaparecer. As redes sociais seguem fortes. Alguns sites com paywall estão prosperando. O que está prestes a mudar é a forma como as pessoas encontram e descobrem informações. É a chamada "web aberta" que muitos temem estar sob risco — o ecossistema de sites independentes, acessíveis gratuitamente, onde pessoas e empresas, muitas vezes chamadas de "editores", compartilham informações, imagens e vídeos. Já ouvimos isso antes. A revista Wired estampou na capa "A web está morta" em 2010 — e, no entanto, aqui estamos. Smartphones, aplicativos e redes sociais já provocaram previsões apocalípticas sobre a World Wide Web. Mas após o anúncio do Google em maio, a BBC ouviu mais de uma dúzia de especialistas que afirmam que o Modo IA representa uma ameaça inédita à economia digital. "Acho que 'extinção' é um termo forte demais para o que vai acontecer com os sites", diz Barry Adams, fundador da consultoria de SEO Polemic Digital. "O termo certo é 'dizimação'." O Google discorda. Segundo a empresa, os AI Overviews têm sido positivos para a internet — e o mesmo se aplica ao Modo IA. O Google afirma que essas ferramentas encaminham usuários a "uma maior diversidade de sites" e que o tráfego é de "qualidade superior", já que os usuários gastam mais tempo nos links que clicam. Para a Google, os AI Overviews têm sido positivos para a internet. Getty Images via BBC No entanto, a empresa não apresentou dados que sustentem essas alegações. Existe um guia de IA para editores curiosos, mas os sites ainda não têm um panorama claro sobre os impactos dos AI Overviews. O Google não respondeu às perguntas sobre esse ponto. E tampouco nega, ao menos diretamente, que as ferramentas de IA estejam reduzindo o volume total de tráfego que o buscador envia para a web. Críticos dizem que a lógica é simples: os AI Overviews e o Modo IA até incluem links, mas se a IA já entrega a resposta que o usuário procura, por que ele clicaria? Os dados parecem corroborar essa lógica. Não acredite apenas em mim — pergunte à IA do Google. Diversas análises indicam que os AI Overviews reduzem o "click-through rate" — a taxa de cliques enviados aos sites — entre 30% e 70%, dependendo do tipo de busca. Outros levantamentos mostram que cerca de 60% das buscas no Google hoje são "zero clique", ou seja, o usuário não visita nenhum link. Especialistas acreditam que uma versão do Modo IA logo se tornará o padrão, o que ampliaria ainda mais o impacto sobre o tráfego — já que a ferramenta elimina por completo a tradicional lista de links. "Estimo que os cliques vindos do Modo IA para a web serão cerca da metade — e isso no melhor cenário", diz Adams. "Acho que muitos usuários vão se contentar com a resposta da IA. Isso pode ser a diferença entre ter um negócio editorial viável e ir à falência. Para muitos editores, será algo dramático." Não se trata apenas de alguns blogueiros perdendo seus empregos. Isso também muda a forma como os próprios usuários interagem com a internet e encontram informações. "A web reúne todas essas comunidades na ponta dos seus dedos — e isso pode desaparecer", diz Gisele Navarro, editora-chefe do HouseFresh, site que publica resenhas de produtos para qualidade do ar. Navarro defende os sites que se sentem marginalizados pelo Google e argumenta que a diversidade de fontes de informação pode diminuir. "É como perguntar a um bibliotecário sobre um livro e ele apenas contar do que se trata, em vez de te entregar o livro", diz. "Aquela sensação de que a internet é uma grande biblioteca para todos nós, acho que isso acabou." Um porta-voz da Google afirma que previsões e análises como essas são inconsistentes. Segundo a empresa, os sites podem perder tráfego por vários motivos, e os estudos que abordam esse tema muitas vezes usam dados enviesados e metodologia falha. "Do nosso ponto de vista, a web está prosperando", disse Nick Fox, vice-presidente sênior de conhecimento e informação da Google, em um podcast recente. "Provavelmente não há empresa que se importe mais com a saúde e o futuro da internet do que a Google." Segundo Fox, a quantidade de conteúdo na web cresceu 45% nos últimos dois anos — excluindo spam. "Vemos isso nos dados", afirmou. "As pessoas ainda estão clicando ativamente." Apesar das garantias, alguns sites estão enfrentando dificuldades com a chegada dos chatbots e das buscas por IA. No ano passado, o HouseFresh foi um dos muitos pequenos negócios digitais que alegaram ter sido prejudicados por atualizações nos algoritmos do Google, que passaram a priorizar marcas conhecidas. Agora, segundo Navarro, a IA está agravando o problema. "Percebemos um pico nas últimas semanas", diz. As impressões — número de vezes que o HouseFresh aparece nas buscas — estão subindo. "Mas, ao mesmo tempo, os cliques estão caindo. O Google mostra nossos links com mais frequência, mas ninguém clica. Isso coincide com os AI Overviews." Segundo a consultoria BrightEdge, os AI Overviews elevaram as impressões em 49% na web, mas os cliques caíram 30%, porque os usuários obtêm suas respostas diretamente da IA. "O Google escreveu as regras, criou o jogo e premiou os jogadores", diz Navarro. "Agora está dizendo: 'Essa é a minha infraestrutura, a web só vive nela'. Acho que isso vai destruir a web aberta como conhecemos. Na verdade, provavelmente já destruiu." Bem-vindo à web das máquinas O maior impacto do Modo IA será na sua experiência diária online. Muitos acreditam que estamos diante de um novo paradigma: o surgimento da "web das máquinas". Um futuro em que os sites são construídos para serem lidos por IAs, e resumos produzidos por chatbots se tornam a principal forma de consumir informação. Demis Hassabis, chefe do Google DeepMind, o laboratório de pesquisa em IA da empresa, afirmou em uma entrevista recente que acredita que os editores vão querer alimentar diretamente os modelos de IA com seus conteúdos — e que alguns talvez nem se preocupem mais em publicá-los em sites acessíveis a humanos. "Acho que as coisas serão bem diferentes daqui a alguns anos", disse. Seria um mundo em que as respostas estariam sempre à mão. Mas isso também poderia significar o fim de elementos que tornaram a web aberta tão popular: a chance de cair em buracos de coelho digitais, de se deparar com algo inesperado ou encantador, de descobrir o novo. Em entrevista ao podcast Decoder, Pichai afirmou que, no fim das contas, tudo dependerá do que os usuários preferirem. 'É uma reinvenção completa da busca', diz Sundar Pichai. Getty Images via BBC Matthew Prince, CEO da Cloudflare — empresa que oferece serviços de rede para quase um quinto da internet — vê um problema ainda maior: "Robôs não clicam em anúncios", diz. Se a IA vira o público, como os criadores serão remunerados? Uma possibilidade é a compensação direta. O New York Times está licenciando seu conteúdo para a Amazon treinar IA. O Google paga US$ 60 milhões por ano ao Reddit para usar dados dos usuários em seus modelos. Diversos grandes conglomerados de mídia também assinaram acordos semelhantes com a OpenAI e outras empresas. Mas, até agora, só gigantes com muito conteúdo têm conseguido esses contratos. "Não acho que pagar por conteúdo dessa forma seja um modelo viável em escala suficiente para sustentar a internet", diz Tom Critchlow, vice-presidente executivo da empresa de tecnologia publicitária Raptive. "É difícil ver isso como substituto da queda nos cliques." Se for mais difícil ganhar dinheiro na web, Adams e outros preveem um êxodo em massa para as redes sociais. Para muitos, como Navarro, isso já está acontecendo. O HouseFresh migrou para o YouTube. Mas Navarro diz que os algoritmos das redes são ainda mais instáveis, e as plataformas forçam os criadores a sacrificar profundidade e detalhamento em nome do espetáculo. "Não há incentivo para construir o mesmo conteúdo de alta qualidade", afirma. "Tudo vira monetização e transição. Você é forçado a informar menos e vender mais." Para Navarro, a perda de autonomia que os editores tinham na web resulta em conteúdo de qualidade inferior para o público. É claro que há outros mecanismos de busca — como o Bing, da Microsoft, que também está integrando IA. Mas os concorrentes menores têm participação de mercado tão reduzida que dificilmente conseguirão abalar a economia digital — e muitos também estão adicionando ferramentas próprias de IA. A "web das máquinas", se é mesmo para onde estamos indo, pode ser mais fechada, menos diversa e, em certo sentido, mais plana para quem navega online. Mas nem todos estão em pânico. "Não estou preocupada no sentido de que isso é uma evolução", diz a professora Dame Wendy Hall, cientista da computação da Universidade de Southampton (Inglaterra) e uma das pioneiras que ajudaram a desenhar a arquitetura precursora da World Wide Web, nos anos 1980. "A IA agora entra na equação e vai mudar toda a dinâmica. Não quero prever exatamente o que vai acontecer", afirma. "A web ainda existe e ainda é aberta. Se o Google seguir por esse caminho, alguém vai ter uma ideia brilhante para criar um novo modelo de monetização. Algo vai acontecer. Mas, para muita gente ao longo do caminho, será tarde demais." O que os usuários querem Não há dúvida de que o Modo IA é uma peça tecnológica impressionante. Ele utiliza um "método de ramificação", no qual a IA divide sua pergunta em subtemas e realiza múltiplas buscas simultâneas. Segundo a Google, isso permite recomendar fontes mais diversas, produzir respostas mais profundas para perguntas complexas e possibilitar perguntas de acompanhamento. De acordo com a empresa, as reações aos AI Overviews indicam que o Modo IA será extremamente popular. "À medida que as pessoas usam os AI Overviews, vemos que elas ficam mais satisfeitas com os resultados e buscam com mais frequência", disse Pichai na conferência de desenvolvedores. "É um dos lançamentos mais bem-sucedidos da busca na última década." Em outras palavras, a Google afirma que isso melhora seu buscador — e é o que os usuários querem. Mas isso não justifica nada, diz Danielle Coffey, presidente da News/Media Alliance, associação que representa mais de 2.200 veículos de jornalismo e mídia (a BBC é membro da entidade). "A Google não tem o direito de tomar essa decisão de negócio em nome das pessoas que produzem os bens que estão sendo vendidos." O problema, segundo Coffey e outros, é que os editores não têm escolha. Documentos internos divulgados em um processo judicial mostram que a Google optou por "atualizar silenciosamente" suas regras, de modo que, ao participar da busca, os sites automaticamente autorizam o uso de seu conteúdo para treinar IA. É possível optar por sair — mas só se o site também sair completamente dos resultados do buscador. Um porta-voz da Google diz que esses documentos refletem discussões preliminares e não representam as decisões finais da empresa — e que os editores sempre controlaram se seu conteúdo está ou não disponível no Google. A empresa afirma ainda que oferece ferramentas para que os administradores decidam se querem ou não permitir que seu conteúdo seja usado nas respostas do Modo IA e dos AI Overviews. "As respostas da IA são um substituto para o produto original", reforça Coffey. "Não vejo isso como uma proposta de negócio que aceitaríamos voluntariamente." Nos últimos 12 meses, tribunais dos EUA concluíram que a Google opera não um, mas dois monopólios ilegais: nas áreas de busca online e publicidade digital. Ainda não se sabe quais serão as consequências, mas uma cisão da empresa está no horizonte — o que pode enfraquecer o domínio da Google sobre a internet. A empresa diz que discorda das decisões judiciais e pretende recorrer. Argumenta que enfrenta forte concorrência e que uma divisão prejudicaria os consumidores e frearia a inovação. Mas o domínio da Google talvez já esteja começando a se desgastar. Durante os julgamentos, o executivo da Apple Eddy Cue afirmou que as buscas feitas via Safari caíram pela primeira vez em 22 anos — provavelmente porque os usuários estão preferindo chatbots de IA. A Google, por sua vez, disse em comunicado que continua vendo crescimento nas buscas, inclusive em dispositivos Apple. Uma pesquisa recente mostrou que quase 72% dos americanos usam, às vezes, ferramentas de IA como o ChatGPT no lugar de buscadores. "Acho que a gente aprende mais quando faz a busca por conta própria", diz Mike King, fundador da agência de SEO iPullRank. "Mas muita gente sente que não precisa de tudo isso." A IA pode ter custos significativos. "Ela vai criar mais bolhas de filtro, porque agora é o Google interpretando a informação em vez de apenas apresentá-la", diz King. Pesquisas indicam que chatbots de IA tendem a funcionar como câmaras de eco. "A informação que você espera receber será reforçada", afirma. O Modo IA vai provocar mudanças massivas no mundo online — para o bem ou para o mal. Serenity Strull/ BBC/ Getty Images E há também preocupações centrais sobre a qualidade das respostas. Alguns estudos sugerem que os "delírios" da IA (respostas absurdas) estão se tornando mais frequentes à medida que os sistemas evoluem. Até mesmo Sundar Pichai disse, em entrevista a um podcast, que os delírios são "uma característica inerente" da tecnologia — embora a Google esteja tentando ancorar as respostas nos métodos tradicionais de busca e afirme que a precisão está melhorando. Segundo a empresa, a grande maioria das respostas com IA é factual e tem precisão comparável a outras ferramentas do buscador. Ainda assim, os deslizes iniciais — como quando os AI Overviews sugeriram que usuários comessem pedras ou colocassem cola na pizza — permanecem na memória do público. A Google age rapidamente para corrigir erros, mas, numa quinta-feira recente de 2025, um ano após o lançamento da ferramenta, a IA afirmou que não era quinta-feira — nem 2025. "Meu erro." Pesquisas indicam que a IA pode até reforçar desinformações que ela mesma inventa — criando o que cientistas da computação chamam de "chat chambers". Um porta-voz da Google afirma que a IA da empresa é projetada para corresponder aos seus interesses sem limitar o que você encontra na web. Embora o espectro da web das máquinas assuste muitos dos que constroem e dependem da internet, a Google pinta um cenário vibrante. "Daqui a cinco anos, vocês ainda verão o Google direcionando muito tráfego para a web. Esse é o caminho do produto com o qual estamos comprometidos", disse Pichai ao Decoder. A Google afirma à BBC que sua visão é de uma IA que amplia a busca, melhora os tipos de perguntas que os usuários podem fazer e expande as oportunidades de criação e descoberta de conteúdo — embora talvez de outras maneiras. "Não vou prever o que vai acontecer, porque o futuro, claro, é multifatorial", diz Cory Doctorow, defensor histórico da tecnologia e autor do livro a ser lançado Enshittification ("Bostificação", em tradução livre), sobre a decadência das plataformas online. "Mas, se eu ainda fosse alguém que valorizasse o Google como forma de encontrar informações ou de ser encontrado, estaria realmente preocupado com isso." Mas ele também vê uma oportunidade para que usuários pressionem por mudanças. "É uma crise que não deveríamos desperdiçar", diz Doctorow. "A Google está prestes a fazer algo que vai deixar muita gente furiosa. Minha primeira reação é: 'Ótimo. O que podemos fazer para canalizar essa raiva?' É uma chance de construir uma coalizão." Alguns não estão esperando pela visão d\ Google se concretizar — ou pela ação de reguladores. Matthew Prince, da Cloudflare, defende uma intervenção direta. Seu plano é fazer com que a Cloudflare e um consórcio de editores de todos os portes bloqueiem rastreadores de IA, a menos que as empresas de tecnologia paguem pelo conteúdo. É uma tentativa ousada de "redefinir o que é permitido online" e forçar o Vale do Silício a negociar pelo uso dos dados que alimentam seus modelos. A Google não respondeu a perguntas sobre essa proposta. "Meu cenário mais otimista", diz Prince, "é aquele em que os humanos acessam o conteúdo gratuitamente — e os bots pagam caro por ele." Navarro diz que é difícil não sentir saudade do que talvez esteja se perdendo — mesmo que algo novo e incrível possa surgir. "Aquela internet acontecia quando várias pessoas se conectavam por assuntos que importavam para elas", lembra, falando sobre um site de fã que criou quando criança, em espanhol, para a banda Queen. "Eu procurava conteúdo sobre o Queen e não encontrava quase nada em espanhol. Então resolvi criar. Comecei a alimentar a web quando tinha 10 anos, porque sentia que podia fazer isso", afirma. "Quero acreditar que isso não é o fim." Thomas Germain é repórter sênior de tecnologia na BBC. Cobre IA, privacidade e as fronteiras da cultura digital há quase uma década.

FONTE: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2025/06/21/o-google-esta-prestes-a-destruir-a-internet.ghtml


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