Presidente da Fundação Palmares defende fortalecer diáspora africana no Brasil em discurso no Togo
12/12/2025
(Foto: Reprodução) Brasil participa como convidado de honra de congresso pan-africano no Togo
O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, defendeu na quinta-feira (11) o fortalecimento da diáspora africana no Brasil por meio de mais institucionalização do movimento.
Rodrigues discursou no 9º Congresso Pan-Africano, o encontro que reuniu, no Togo, países da África e membros da diáspora africana no mundo ao longo desta semana para discutir reparações históricas, identidade cultural e o futuro do pan-africanismo.
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O Brasil foi o convidado de honra esta edição do congresso, que termina nesta sexta-feira (12), e enviou uma delegação recorde.
"Nós precisamos ajudar a África a se desenvolver, mas o continente também pode ajudar a desenvolver a diáspora africana. Desenvolver com fé, com energia e com aquilo que somos especialistas, a criatividade cultural", discursou o presidente da Fundação Palmares, que representou o governo brasileiro e a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
No discurso, João Jorge Rodrigues pontuou ainda elementos que podem ajudar a fortalecer a diáspora africana no Brasil — país com a maior população africana fora da África —, como:
A língua portuguesa compartilhada entre o Brasil e países africanos;
A aliança regional entre os países da diáspora;
Uma representação da União Africana no Brasil e em outras diásporas africanas para dar "um aspecto multilateral à União Africana"; e
A criação de uma bienal de cultura e artes da diáspora africana para "desenvolver interesses da liberdade religiosa".
"As religiões de matrizes africanas são violadas todos os dias por aqueles que governam países diferentes", afirmou Rodrigues no discurso.
'ONU Negra'
Abertura do 9º Congreso Pan-Africano, em Lomé, no Togo, em 9 de dezembro de 2025.
Divulgação
Durante as palestras e debates de quinta, o militante do movimento negro no Brasil Hélio Santos, também integrante da delegação brasileira enviada a Togo, disse que o congresso contribui para fortalecer uma “constitucionalidade” que una os povos da diáspora — um passo simbólico na direção do que chamou de uma espécie de ONU Negra.
Além dos discursos o 9º Congresso Pan-Africano também foi palco de apresentações culturais da diáspora e dos países africanos. Na quinta-feira, sacerdotes, sacerdotisas e praticantes das religiões africanas no Brasil e afrodescendentes apresentaram cantos, danças e rituais tradicionais.
Brasil no Congresso Pan-Africano
O Brasil foi o convidado de honra do 9º Congresso Pan-Africano e enviou uma delegação recorde para participar do evento, que acontece em Lomé, capital do Togo, na África Ocidental.
No encontro, líderes africanos também reivindicaram mais protagonismo do continente.
"A África já não é periférica, já não é silenciosa, é jovem, forte, aberta ao mundo e determinada a não ser mais moldada por outros", disse o ex-presidente de Togo e atual chefe do conselho de ministros do país, Faure Essozimna Gnassingbé, que abriu o congresso.
Os líderes presentes no congresso reivindicam maior protagonismo do continente no cenário internacional e discutiram o fortalecimento das relações entre povos de origem africana. Outros temas debatidos estão:
Justiça reparadora no combate ao racismo;
A renovação do pan-africanismo —que defende a autodeterminação dos povos africanos e seus descendentes em todo o mundo;
O fortalecimento do papel da África no cenário internacional;
A reforma das instituições multilaterais; e
A restituição do patrimônio cultural africano.
A delegação brasileira, composta por mais de cem pessoas — incluindo integrantes do movimento negro, representantes da sociedade civil e pesquisadores — também apresentou, ao longo do evento, os resultados de uma conferência sobre a diáspora africana nas Américas, realizada em agosto em Salvador, na Bahia.
