Quase 90% das vítimas de violência sexual no Pará são meninas de 0 a 17 anos, aponta levantamento

  • 02/12/2025
Mestre em segurança pública, Diego Martins fala sobre violência sexual contra meninas No Pará, a infância de meninas está ameaçada: quase 90% das vítimas de violência sexual contra crianças e adolescentes no Pará são meninas. Entre 2019 e 2023, o estado registrou 19.631 ocorrências de crimes sexuais contra pessoas de 0 a 17 anos, segundo levantamento produzido pelo Coletivo Futuro Brilhante a partir de dados oficiais da Segurança Pública. A pesquisa, divulgada nesta terça-feira (2), em Belém, revela ainda que Vitória do Xingu lidera, proporcionalmente, a taxa de violência sexual no estado, seguida por Salvaterra e Soure, no arquipélago do Marajó. A divulgação da pesquisa integrou a programação do Seminário Estadual de Revisão do Plano Decenal Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, promovido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O evento ocorreu na Escola Judicial do Tribunal de Justiça do Pará, reunindo representantes de órgãos públicos, sociedade civil, academia e coletivos. O Coletivo Futuro Brilhante, responsável pela coordenação local, atua desde 2014 na prevenção da violência sexual infantojuvenil e desenvolve ações educativas em escolas públicas do estado. O estudo, que analisou todos os registros feitos nas delegacias dos 144 municípios paraenses, mostra que 17.518 vítimas são meninas e que a violência atinge tanto crianças pequenas quanto adolescentes: foram 8.437 casos entre 0 e 11 anos e 11.194 entre 12 e 17 anos. A residência da vítima é o principal cenário dos crimes, superando locais públicos e instituições. A maior parte das ocorrências acontece nos turnos da manhã e da tarde, sugerindo que a rotina cotidiana favorece a vulnerabilidade em períodos de menor supervisão. Mais de 17 mil registros apontam homens como suspeitos, contra pouco mais de 300 casos envolvendo autoras mulheres. A maioria é composta por pessoas conhecidas da vítima, como tios, padrastos, vizinhos, parentes próximos ou parceiros afetivos da mãe. Vitória do Xingu, Soure e Salvaterra: por que esses municípios lideram? Para especialistas, os dados revelam padrões territoriais que vão além dos números. Pesquisas acadêmicas sobre Vitória do Xingu, publicadas nos Anais da Universidade da Amazônia (UNAMA), descrevem um município submetido a “transformações abruptas, deslocamentos populacionais e tensões socioeconômicas” decorrentes da instalação da Usina Hidrelétrica Belo Monte e da presença de grandes empreendimentos extrativistas. Estudos do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostraram que, em cenários como esse, onde há aumento da desigualdade e fragilidade de serviços públicos, crimes de gênero e sexual tendem a crescer. No Marajó, o acúmulo de vulnerabilidades aparece também nas pesquisas da Universidade Federal do Pará (UFPA): pobreza extrema, longas distâncias, precariedade do Estado, desigualdade de gênero e turismo sem regulação contribuem para que Salvaterra e Soure se tornem ambientes de alto risco. Em Salvaterra, estudos identificam vulnerabilidade ao turismo sexual. Em Soure, diagnósticos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam naturalização da violência doméstica, subnotificação e pouca presença de estruturas de proteção. Para o mestre em Segurança Pública Diogo Martins, que participa do seminário estadual realizado em Belém, os dados evidenciam um padrão claro. “Quando observamos Vitória do Xingu, Salvaterra e Soure, enxergamos territórios onde a vulnerabilidade social é profunda e histórica”, afirma. “A soma de pobreza, desigualdade, ausência do Estado, turismo desregulado e relações de gênero desiguais cria um ambiente em que a violência sexual encontra menos barreiras para acontecer.” Martins destaca que o contexto amplia a capacidade de repetição dos crimes. “Esses elementos não produzem o estupro por si só, mas reduzem drasticamente os mecanismos de prevenção, denúncia e proteção. E onde há menos fiscalização, menos presença de serviços e mais dependência econômica, o agressor encontra terreno fértil para agir.” VÍDEOS com as principais notícias do Pará

FONTE: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2025/12/02/quase-90percent-das-vitimas-de-violencia-sexual-no-para-sao-meninas-de-0-a-17-anos-aponta-levantamento.ghtml


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